terça-feira, 29 de julho de 2008

Hoyo hoyo!

28.07.08

Hoyo hoyo! É assim que fui recebido. Kanimambo, respondi. Bem vindo sinhor Pedro! Obrigado, respondo.
Finalmente em Manjacze! Aterrei no Maputo depois de uma longa viagem. De manhã, lá se abriram as persianas das janelas do avião e lá estava África a 10 km abaixo de mim. À saída do aeroporto lá tinha as irmãs Tassy e Emília à minha espera. Maputo parece bonita, mas passámos apenas, e depois do almoço, de ir ao supermercado e ao mercado do peixe, lá viemos nós pela estrada nacional, primeiro, e depois por estradas secundárias até manjacaze. O caminho fez-se com o por do sol glorioso deste lado do mundo, e com a cabeça de for a da janela a ver o céu incrivelmente estrelado e os grandes e antigos cajueiros iluminados pelos faróis do carro. Depois de bastante tempo em estrada de terra batida, finalmente luzes, e lá estávamos nós em Manjacaze. A vila organiza-se em torno de uma larga avenida central, com jardim no meio, e poucas ruas em redor. A maior parte das casas encontra-se espalhada por entre as árvores, e a vila parece mais pequena do que é na realidade. Coqueiros, acácias e cajueiros são as árvores mais comuns, e algumas outras que não conheço ainda o nome. No dimingo de manhã visitei aqui o centro nutricional, junto á casa das irmãs, onde algumas mamãs ficam com as crianças enquanto estas recuperam de desnutrição. À tarde fomos até Chidenguele, uma vila a Norte, perto do mar. A paisagem é linda, e a estrada de terra batida percorre mato e zonas de muitos cajueiros, até chegarmos à vila. Tem uma enorme lagoa, e depois de uma colina, lá em baixo, o Índico!
Vêm-se de dia muitas aldeias espalhadas pela vegetação, com palhotas circulares de quando em quando. Muitas pessoas pela estrada, com feixes de lenha à cabeça para venderem nas vilas e aldeias, muitas vezes a muitos quilómetros de distância. É de facto um novo mundo e uma nova realidade que olho com intensidade. É extremamente visível a pobreza da região, e a distância enorme do bem estar e do futuro que se sente na cidade. Estamos no interior, não tanto em termos geográficos absolutos, mas em termos reais. Vou-me esfornçando por entender esta vida de aqui, os ritmos, as carências, a cultura. É de facto muito, muito diferente.
No domingo de manhã a primeira missa africana, mocambicana. Que privilégio! No altar o fr. Xavier, falando portonhol, na assembleia Manjacaze e arredores, com batuque, as vozes femininas ritmando com os graves das vozes masculinas. O ritmo cadenciado que marca a celebração. Fui apresentado à comunidade pelo fr. Xavier, e disse poucas palavras, traduzidas para Changana pelo sr. Cossa, tradutor da homilia do fr. Xavier. Uma personagem deveras única! Gostariam de certeza de o conhecer! Senti-me observado, a colhido, motivo de curiosidade. Os olhares eram de curiosidade e simpatia. Sorrisos.
Estou feliz! Muito há ainda por contar, mas não encontro as palavras neste momento.
Por isso fiquem com a certeza que me sinto longe, muito longe, com pessoas novas com quero muito estar. Estou bem.

2 comentários:

ritacatita disse...

faz favor de captar bem essas vozes porque são a nossa essência...e partilhar c o pessoal do coro!! É também uma missão...

e canta com eles, mesmo baixinho
(a segunda voz claro, assim como se tivesses muito aflitinho!! vais ver que resulta!!!!!!!!!!!!!)

RC

Venus de Melo+ disse...

Pedro bem vindo a Moçambique, a terra de boa hoje.
Ainda não viste nada... Esta terra enfeitiça as pessoas. Eu que sou daqui, estou enfeitiçada por ela, eheheh...

Beijus